sábado, 2 de maio de 2009

COM ESPLENDOR ERÓTICO



Dário Teixeira Cotrim

Aconteceu nesta quinta-feira, na Casa de Cultura Márcia Prates, o vernissage do nosso confrade João Rodrigues, artista plástico consagrado pela crítica nacional e também em alhures. É ele sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, tendo exercido com brilhantismo o cargo de Secretário Municipal de Cultura e já protagonizou, com êxito total, várias exposições de artes-plásticas, arrebatando para si calorosos aplausos.

Pois, note bem distinto espectador, que nesta exposição de João Rodrigues há nos quadros perfilados um esplendor-erótico embelezando o requintado espaço cultural e que estão propositadamente colocados numa seqüência lógica, observando o tempo de criação em consonância com o tempo do tema criado. Há, também, mensagens misteriosas escritas de formas aleatórias e com recados sempre direcionados aos mais sensatos numa indução natural. As mensagens neste caso, a bem da verdade, nem são tão fáceis de entendimento, mas o desafio em decifrá-las pode tornar-se-á num convite prazeroso a quem, por ventura, assim insistir em fazer.

Nessas condições, é preciso dizer sem titubear que os quadros de João Rodrigues, aqui expostos, nos apresentam num estilo de formas sintéticas, delimitadas por traços grossos e, às vezes toscos, com cores intensas e fortes. Destaca-se na maioria absoluta de suas obras a imagem erotizada do nu masculino num amontoado de rostos, sem os contornos dos lábios, isso quando não vistos de perfil. É interessante dizer que em toda a beleza de sua criação há o retrato exato da paixão pela arte. Portanto, quem observar atentamente, quadro a quadro, deve sentir-se que é conduzido para o mundo da fantasia onde reside o imaginário do artista.

É claro que, o conjunto da obra de João Rodrigues é bastante significativo no seu todo, isso tendo em vista a sua criatividade que resultou na mistura do nudismo superficial com traços sinuosos e linhas retas coladas em pontos estratégicos de sua obra que avulta a imagem para uma superfície superior. Não pretendemos, porém, falar em nome da classe artística de Montes Claros, nem na qualidade plástica propriamente dita de suas obras. Isso nos obrigaria uma análise muito mais profunda do seu trabalho o que realmente não possuímos conhecimentos para tal. Entretanto, vamos apenas escrever algumas considerações de valores, haja vista o talento, o respeito e a capacidade criadora que tem o artista no meio cultural de Montes Claros.

Por fim, antes mesmo do espectador achar que nada entendeu do que viu, acreditamos, pois, que é preciso analisar três vezes consecutivas as obras aqui expostas. Em suma: é assim por solicitação do próprio autor. Como se vê, o numeral ‘3’ sempre aparece em algum canto dos seus quadros. Aliás, nós aprendemos que a arte não foi feita para ser entendida, mas tão somente para ser sentida, amada e admirada por todos sem exceção. Evidentemente que o questionamento se faz necessário e é parte do pacote-artístico apresentado ao público. O silêncio é algo terrível para quem desenha e sonha. Por isso mesmo é que as criticas são inevitáveis, assim como inevitáveis serão as visitas na Casa de Cultura Márcia Prates durante o período em que permanecer por lá – até o dia 9 de maio de 2009 – o conjunto de quadros do nosso artista maior.

Pois bem, o artista plástico João Rodrigues vem representando com extrema competência e dignidade inquestionável a nossa querida cidade de Montes Claros, tanto aqui como no cenário internacional. Agora mesmo ele foi ovacionado com exposições realizadas na Europa. Montes Claros tem dessas coisas! Coisas essas de transportar para o continente europeu o mistério da nossa cultura e a beleza de nossa arte. Basta para tanto, lembrarmos do Grupo Banzé. Meu prezado confrade João Rodrigues, você é um verdadeiro vencedor. Parabéns e sucesso!

Academia Montesclarense de Letras
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

RELEVO EM MOVIMENTO

Dário Teixeira Cotrim

Se fosse preciso citar uma arte inusitada, sendo ela bela e magistral já mostrada na galeria do Centro de Cultura de Montes Claros, citaríamos aqui os belíssimos trabalhos do artista plástico Clécius Rodrigues. Isto porque, a arte-plástica de Clécius é-nos apresentada de uma versão em que ela se destaca na forma, no volume e no movimento. O vernissage, que aconteceu neste princípio de semana, foi o bastante para dimensionar a perfeita criatividade do artista. É, certamente, essa criatividade a ferramenta mais preciosa que existe para que nós possamos analisar com segurança a perfeição do seu trabalho, resultado do seu talento. Qualidades essas que estão presentes nas obras aqui expostas.

Clécius Rodrigues nasceu em Brasília de Minas – ele é mineiro uai! – isso no ano de 1972. E, desde os tempos de menino que vem realizando os seus desenhos com perfeitos traços de movimento. Portanto, foi por isso que esta exposição foi batizada com o nome de Relevo em Movimento. Nada mais justo, claro! Por outro lado, na cidade de Belo Horizonte, o brasiliense Clécius já “produziu animações que conjugavam desenhos e bonecos, sendo por isso mesmo premiado em festivas em Porto Alegre, Tiradentes, Teresina, Vitória e Florianópolis. Além disso, ele passou a fazer boneco sob encomenda, pois em poucos centímetros ele consegue reproduzir e personificar caricaturalmente qualquer pessoa em porcelana fria. Foram gerados milhares de caricaturas nos últimos oitos anos”. Muitos dos seus trabalhos têm uma dinâmica pela nuance das cores. Neste caso as peças de cerâmicas recebem tratamento especial o que o artista fez dando um aspecto muito mais acadêmico aos vasilhames utilizados.

Desta feita, cores e formas se unem em movimento caracterizando o trabalho dual com mudanças significativas na arte da pintura: são traços quase abstratos, cujos riscos e rabiscos são criados com o auxílio das esculturas. A perfeição da minudência, que atrelada às perspectivas de sombras e luzes, reproduz em cada quadro um estado de espírito independente. Não obstante a técnica utilizada nos seus trabalhos ser única, ainda assim, podemos classificá-lo em conjuntos diferenciados tendo em vista os seus detalhes. Relevo em Movimento é um momento especial para as artes-plásticas de Montes Claros e disso ninguém duvida. Portanto, Clécius é um vencedor!

É um vencedor porque a sua versatilidade mistura a escultura com a pintura, mostrando-nos como é interessante a sua criatividade, principalmente quando se trata de um artista da nossa terra. Em vista disso, a Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros, atenta para a valorização da imagem/arte na contemporaneidade, apressou em agendar a mostra de Clécius neste primeiro momento. Embora não seja aqui apresentada toda ela, podemos afirmar sem pestanejar que uma “parte desse trabalho pode ser vista na presente exposição, cujo movimento impresso em cada uma de suas obras vai refletir o dinamismo, o talento e a inquietação artista de Clécius”.

A exposição de Clécius Rodrigues ficará na galeria do Centro Cultural até o dia 3 de maio. Disse-nos a inteligente jornalista Fabíola Cangussú que “as pessoas se encantam com o talento de Clécius” e depois concluiu afirmando que “na exposição os admiradores poderão conhecer um pouco da arte deste artista que mergulha nas técnicas dos movimentos, representando tanto os desenhos tridimensionais quanto nas esculturas, toda a complexidade da expressão humana”. Clécius... Parabéns!