domingo, 15 de março de 2009

BOTAR O PAPO EM DIA


Dário Teixeira Cotrim

A Secretaria Municipal de Cultura resgata, com extrema felicidade, o projeto “Botar o Papo em Dia”. Nas grandes cidades brasileiras há projetos semelhantes a este que há muito já vem acontecendo com esse mesmo objetivo: o de interagir as pessoas e, consequentemente construir entre elas novas amizades. Por tudo isso e por muito mais além é que é necessário o retorno desse projeto, o que já acontecia algum tempo atrás nos nossos montes-bares-claros. Entretanto, agora “Botar o Papo em Dia” volta com roupagem nova, muito mais dinâmico e muito mais empolgante; com apresentações musicais de qualidade inquestionável e sob a organização de um seleto grupo de pessoas, todas elas compromissadas totalmente com o sucesso do evento. Nota-se que desta vez o projeto “Botar o Papo em Dia” aconteceu no aconchegante barzinho Quintal, que esteve superlotado, marcando assim o início de uma nova temporada na Cultura da nossa querida cidade de Montes Claros.

As atrações musicais daquele momento inesquecível ficaram por conta dos cantores, maia y boavista, uma dupla de real sucesso que já conta com cinco anos de uma brilhante parceria e que, a cada instante se afirma no extraordinário conjunto da música popular brasileira. Também houve a belíssima apresentação do notável cantor Marcelo de Paula e, na seqüência, do inimitável Pedro Boi, com o seu magnífico repertório da música de raízes. Como sempre acontece, é muito importante a valorização do artista da terra para assim divulgamos a nossa arte, as nossas tradições e os nossos costumes.

O evento, por outro lado, é um caminho alternativo e muito mais eficaz para cingir os novos laços de amizades e, sobretudo, resgatar as velhas reminiscências que o tempo se encarregou de colocá-las num ostracismo um tanto quanto distante dos nossos horizontes. Assim, a Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros, sob o comando de Ildeu Braúna, vem adotando um comportamento de valorização nas relações de amizades e também na divulgação de trabalhos culturais para todos os segmentos da sociedade. Mensalmente, “Botar o Papo em Dia” estará presente em lugares e serem definidos pela administração do Centro de Cultural “Hermes de Paula”, com o mesmo status, com a mesma vocação e a mesma paixão de quem gosta de uma boa música e também de jogar conversa fora.

Tradicionalmente a cidade de Montes Claros “da arte e da cultura” sempre teve os seus pontos de encontros (o Café Galo, por exemplo). Os artistas das artes cênicas, os das artes plásticas, os poetas da literatura de cordel e os escritores formavam grupos que ao longo do tempo discutiam os problemas sociais, existentes, com tamanha envergadura e responsabilidade que nada poderia ser decidido em prol da sociedade sem a participação dessas classes artísticas. De qualquer modo, a presença mítica das artes nesses encontros é perfeitamente compreensível e a propósito disso é que a nova administração vem incentivando, com razão, o despertar de uma nova era para que a cultura de Montes Claros possa ser referência para as outras cidades mineiras.

“Botar o Papo em Dia” voltou a estar sob a mira dos holofotes. Primeiro devido ao grande sucesso na realização do evento no barzinho Quintal. Segundo, porque vem despertando na população montesclarense uma ótima e singular opção de lazer e também de confraternização. Por tudo isso, podemos afirmar que o trabalho social-artístico realizado pela Secretaria Municipal de Cultura é um grito de liberdade, pois não precisa de ingressos para ser visto senão a presença maciça do povo.

Academia Montesclarense de Letras
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

SERTÃO ENCARNADO


Dário Teixeira Cotrim

A exposição Sertão Encarnado é uma oportunidade única que os leitores montesclarenses têm para apreciar fragmentos das obras de Afonso Arinos (Os Jagunços), Euclides da Cunha (Os Sertões), João Guimarães Rosa (Grande Sertão – Veredas) e Graciliano Ramos (Infância). Portanto, a Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros saiu na vanguarda a foi, incontinenti, buscar em algures a exposição itinerante sobre o sertão encarnado de nossa terra na certeza da valorização da nossa literatura catrumano que é discorrida sobre a região norte-mineira, principalmente o sertão bruto de Manuel Nardi – o Manuelzão – onde os mais belos escritos foram realizados aqui nesta faixa de terra distante do litoral.

A exposição acontece no Montes Claros Shopping Center. São dezenas de banners que trazem as definições do nosso sertão na visão de quatro intelectuais da literatura regional brasileira. Disse Afonso Arinos (1868-1916) que “Ele vira o sertão, perscrutara o segredo das florestas, compreendera as vozes dos animais e dos homens, sondara a alma da Natureza e conhecera a causa de suas iras sagradas, quando ela rugia com os trovões, arrancava furiosa aos estirões da borrasca, lascando os rochedos e fendendo os troncos de raios...”.

Em outras galhardetes dizia Euclides da Cunha (1866-1909) sobre a “Guerra de Canudos”: “Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos”. Do mesmo modo João Guimarães Rosa (1908-1967) definiu o sertão: “Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar”. Complementado o quarteto, o escritor Graciliano Ramos (1892-1953) desabafa em Infância como quem sonha em sonhos embrulhados pela conveniência de viver. “As inquietações que me enchiam as noites eram quase palpáveis, tinham feições – e cabelos negros me acariciavam o rosto, um sopro me inteiriçava”.

Venhamos e convenhamos. Nada mais justo e oportuno essa mostra sobre as obras dos nossos escritores regionalistas. Ninguém melhor do que os poetas para nos mostrar as belezas incontidas da terra e as inquietações de um povo forte e guerreiro. Viver é perigoso, dizia Rosa. No sertão esse perigo não tem a dimensão da dor e nem o profundo sentimento de quem por aqui vagueia, ao acaso e sem pressa. Pensando assim, foi que a Superintendência de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais, sob a coordenação de Maria Augusta da Nóbrega Cesarino, projetou e produziu os benners para ilustrar essa exposição.

Como já afirmamos nos parágrafos anteriores, a literatura regionalista do Sertão Encarnado conta a história e as estórias de um bravo povo sofrido e totalmente dependente da santa terra. A terra que é boa-mãe e não tem a complacência dos céus. Os saudosos cronistas João Valle Maurício, Nelson Viana e Cyro dos Anjos foram os que de melhores cantaram e encantaram o nosso sertão norte-mineiro. Só tem uma coisa pior do que homem-vítima das penúrias do sertão. Aliás, duas: uma mulher-vítima ou uma criança-vítima. Sim, porque o homem, na concepção do escritor Guimarães Rosa é antes de tudo um forte.

A leitura de suas obras nos ensina como viver.

Em vista disso, a Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros fez questão de trazer a exposição Sertão Encarnado para bem perto da gente, oferecendo-nos essa irresistível viagem pelas grotas sertanejas do norte de Minas. Boa viagem!

sábado, 7 de março de 2009


BREVEMENTE o livro "O Caminho das Letras" de autoria de Júlia Maria Lima Cotrim será lançado pelo Consórcio Literário "Oficina das Letras", com o apoio da Secretara Municipal de Cultura de Montes Claros.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O OLHAR FEMININO


A Prefeitura de Montes Claros, através da Secretaria Municipal de Cultura preparou com extrema competência a exposição de artes plásticas que leva o nome de “Olhar Feminino”. O vernissage aconteceu na Galeria de Artes Godofredo Guedes, nesta manhã de domingo e se estenderá até o dia oito de março de 2009. São obras de quinzes artistas plásticas de Montes Claros assim como se segue: Áurea Teixeira, Celeste Rodrigues, Conceição Melo, Eunice Ferreira, Elda Veloso, Guilhemina Lúcia, Jussara Nassau, Lúcia Cangussú, Lirs Helena, Márcia Prates, Maristela Sacramento, Cristina Rabelo, Raquel Monteiro, Terezinha Guedes e Zezé Rodrigues.

A arte tem que ser de todos para todos. Essa é a idéia que vem motivando os organizadores do primeiro Salão de Artes Plásticas. O projeto “Olhar feminino” que teve a iniciativa dos dinâmicos diretores do Centro Cultural, a jovem Rita Maluf e o artesão Roberto Marques, foi idealizado com a finalidade de homenagear a MULHER. Trata-se, pois, de uma exposição de quinze obras das artistas plásticas contemporâneas, mas todas já com trabalhos consagrados pelo grande público montesclarense.

Devido à importância do evento e a qualidade dos trabalhos apresentados, o ideal seria comentar trabalho por trabalho e nos seus mínimos detalhes. Entretanto, não existindo essa possibilidade, por falta de espaço, mas é o que pretendemos assim fazer mais adiante. Sobre o conjunto de obras nós não poderíamos deixar de falar da excelente qualidade de cada uma delas, haja vista que nem sempre existe a oportunidade de reunir, num só evento, um seleto grupo de artista de tamanha envergadura. A coletiva oferece, ao grande público, um momento único de apreciar técnicas diferenciadas e, também, o contraponto de cada obra e como as artistas retratam as suas impressões de cores e rabiscos em cada tela. As particularidades apresentadas no “Olhar Feminino” realçam as imagens mais singelas, como a expressão de uma mãe que amamenta o filho ou, as vivas cores utilizadas em exaustão por todas as participantes.

É um trabalho profícuo direcionado pela Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros e que já vem dando demonstração do que deverá acontecer até o final deste ano. O espaço cultural do Centro de Cultura Hermes de Paula será diminuto para abrigar todos os projetos em pauta para o momento. Há se de criar variantes culturais na cidade, descentralizando as apresentações para outros espaços. Será assim porque uma boa parte das obras de nossas artistas plásticas não poderá ser visível. Pelo menos, não no sentido sensorial, mas no sentido presencial.


DÁRIO TEIXEIRA COTRIM