domingo, 21 de dezembro de 2008

ENTÃO É NATAL...


Por algum tempo, tudo que se falava era sobre o Natal. O mês de dezembro ainda estava distante, pois começavam a cair as primeiras bátegas de água. Mesmo assim o espírito natalino já principiava nas casas comerciais do centro da cidade.

As festas de Jesus Menino são hoje movimento de massa que estimula o nosso desejo, desde os mais altos sentimentos religiosos com a expressão comum da alegria, até o consumismo desenfreado na hora de presentear os entes mais queridos. Pois, Natal é o que nos faz bem ao coração e a alma. Evidentemente que sabemos que, na prática, o espírito natalino apenas passa de relance para se perder depois já nos primeiros dias do ano entrante. Independentemente das adversidades, o clima natalino continua sendo a esperança mais viva de um povo, aquela que amolece corações de pedras para que os injustiçados tenham um pouco mais do muito que lhes falta. Se não resolve, também não prejudica. Aliás, ameniza substancialmente o sofrimento de muitos dos mais sofridos.

Por tudo isso o Natal é esperança! “Do tronco de David brotará um ramo; e a árvore crescerá de suas raízes”. Disse Jesus Cristo o nosso Senhor. E é aí que está arraigada a doce esperança do Natal. Mas, a verdade que pode ser provada até mesmo nestes tempos remotos, é que o homem, impaciente com as guerras ainda sonha com a paz mundial. Não obstante a tudo isso, atualmente nem a paz do Natal consegue acalmar os ímpetos malignos daqueles que vivem no mundo do crime. Mas o bambino insiste em nascer no coração da gente a cada Ano Novo!

Uma outra característica do mês natalino é aquela que se pauta na luminosidade estrelares. Sempre as cidades adormecem em noites frias e claras, enquanto isso, a lua cheia vagueia por sobre as casas iluminadas com as cores celestes. As árvores natalinas, cheias de bolas de miçangas e luzinhas coloridas, elas encontram-se em quase todas as casas. Guirlandas enfeitadas com anjinhos e pingentes dão um colorido todo especial nos lares dos mais abastados. A voz suave e doce da cantora Simone ressoa, com ecos, pelos alto-falantes dos aparelhos de som afirmando que hoje é Natal! “Então é Natal, o que você fez, o ano termina e nasce outra vez...!”.

Que saudades me trazem os presépios de minha mãe!

É meia-noite, há ceia farta para uns e para muitos a ceia falta. Sempre foi assim. Não é difícil constatar o desejo de viver neste mundo cruel, onde a necessidade de realizar sonhos impossíveis veio pôr em prática o afastamento de Deus. Toda a sabedoria do conhecimento é o resultado de uma longa fase de experiência acumulada durante milhares de anos e depois legado aos pósteros através dos tempos.

Por estranho que pareça, neste mundo onde a justiça é injusta, o amor e a esperança são as formas mais seguras do homem lidar com os seus sentimentos e nunca com as suas lágrimas. Ainda bem que existem pessoas que acreditam no milagre do renascimento, onde o Jesus Menino, de um presépio pobrezinho, anuncia a salvação do mundo: “eu sou o sal da terra, eu sou a luz do mundo...”. Ainda bem que existem crianças que acreditam que todas elas são filhas de um Papai Noel. Aleluia, aleluia!

Aleluia! É Natal! Eu sei que a nossa vida é regada de lágrimas. Mesmo em terreno incrédulo essas lágrimas conseguem germinar as sementes da fé. Portanto estou junto à soleira da porta a espera do meu Papai Noel, hoje um velho carrancudo, obeso e sem memória.


DÁRIO TEIXEIRA COTRIM
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

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