quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CONCEIÇÃO MELO: TELAS E LIVROS


Aconteceu nesta terça-feira, no espaço cultural do restaurante Favoritto, o belíssimo vernissage da artista plástica Conceição Melo onde esteve reunida a classe artista de Montes Claros. São dezenas de quadros explicativos, com riscos fortes num colorido rubro-negro – quase na sua totalidade – com pequenas frases ou palavras soltas colocadas poeticamente de forma simples e lúdica. Paralelamente a exposição, também houve o lançamento dos seus interessantes livros: Pare e Siga em Frente. Os livros trazem a reprodução de seus quadros com pequenas legendas, como se fossem álbuns ilustrados, com mensagens otimistas para reflexões e desenhos para o entretenimento das crianças e dos leitores mais exigentes.

O trabalho artístico de Conceição Melo representa a letícia das cores e as cores dos riscos nada simétricos. Nele não há sinais de tristeza e nem sequer de deboches. São ricos riscos coloridos sobre tela em sintonia com a imaginação do belo que estão ligados intimamente ao cotidiano das pessoas, o que tem sido uma constante na sua produção artística. Do mesmo modo que as suas obras de arte representam formas e contextos não contaminados pela marginalização dos tempos, os seus livros obedecem a mesma energia do sentimento e a mesma emoção do pensamento. Entretanto, se há algum estranhamento do espectador diante de suas telas, este pode ser emblemático em vista do uso resumido de cores, pois o caminho intricado de suas obras reproduz com fidelidade o seu estilo na criação de imagens e de textos. Todavia, as cores em rubro-negro, principalmente essas, dão dramaticidade à pintura que vê justamente na força expressiva da arte a sua razão de ser.

Pare. Um livro em que o leitor deva mesmo parar em cada uma de suas páginas para um momento de reflexão. Depois, Siga em Frente. Ora, tudo foi projetado, programado e analisado para que assim fosse. Trata-se, pois, de um trabalho inusitado, belo e representativo. Aqui, a miscelânea da plástica com a literatura não é gratuita. Foi, portanto, proposital. E porque não dizer que a sua idéia foi simplesmente sensacional? É que, como se costuma ser o caso, no caótico mundo das artes, os trabalhos não são bem entendidos, e para dirimir essas dúvidas, a marchand, Yvana Tupinambá, classificou o seu trabalho “com traços inovadores que vem da alma e do coração”.

A arte plástica de Montes Claros está vivendo um momento muito feliz. Agora, a felicidade veio esbarrar nos pórticos da literatura montes-clarense. Certamente que a união desses dois segmentos culturais possa fortalecer e produzir resultados nunca antes imagináveis. Conceição Melo sabe, em exaustão, que essa aliança para a classe artística é muito importante. O seu trabalho nos deu mostra disso. Alias, ele foi muito mais além do que todos nós imaginávamos, pois cumpriu o desejo da artista de pintar e escrever ao mesmo tempo. Uma pintura em riscado e uma escrita em cores, e o final não poderia ter sido outro: textos na textura de suas obras sugerindo sempre um momento de reflexão entre o antes e o depois na fugacidade dos seus traços.

Num primeiro momento, o desenho de Conceição Melo lembrou-nos àqueles das revistas em quadrinhos, fazendo renascer as lembranças de um tempo distante; as saudades de um tempo florido e a emoção que nunca, e nunca se esgota. Por tudo isso o trabalho de Conceição Melo vem ganhando, sobremaneira, espaço na mídia montes-clarense. “Amar é lembrar todas as manhãs que nada vai tirar a minha alegria” e “depois de muito filosofar, concluir que só conseguirei amar o outro quando realmente me amar”. Parabéns Conceição!


DÁRIO TEIXEIRA COTRIM

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