domingo, 10 de agosto de 2008

Carmen, de Georges Bizet


Por Dário Teixeira Cotrim

Montes Claros, orgulhosamente, apresentou para o deleite de um seleto e animado público a espetacular obra prima Carmen, de Georges Bizet, no Centro de Cultura “Hermes de Paula”. Trata-se da opera que é sucesso de bilheteria em todos os lugares. Historicamente, a sua estréia ocorreu em 1875, no teatro Ópera Comique, na cidade luz de Paris (França) e, agora, ela é considerada a mais popular e a mais representada em todo o mundo. Aqui, o espetáculo foi coordenado pela Fundação Cultural Marina Lorenzo Fernandez, que teve direção musical e cênica da ilustre maestrina Maristela Cardoso. O brilhante elenco apresenta-nos os nomes de Christiane Franco (Carmen), Rodrigo Mourão (Don José), Annelise Cavalcante (Macaela), Roberto Mont’Sá (Escamíllo), Maria Odília (Frasquita), Elisabeth Oliveira (Mercedes), André Rabelo (Dancairo), Aloísio da Cruz (Remendado) e tantos outros.

Os dramaturgos montes-clarenses sempre buscam incorporar em seus trabalhos o fenômeno surpreendente da ilusão onde da realidade é inseparável. Foi neste sentido que o caminho da ópera de Georges Bizet nos apresentou recheado de cantos, de poesias e de muita imaginação. Para não invocar senão mais dois exemplos dessa inclinação o que se traduz numa prevalecente afirmação podemos afirmar ainda a parte musical e a dramatização como complementação. Na sinopse da peça, resumidamente, dissemos que Carmen é uma bela operária de uma fábrica de charutos, que conquista o coração de Don José com a interpretação de uma habanera. Nesse momento aparece a belíssima Micaela, mocinha da terra natal de Don José a contrastar com a cigana apaixonada nos seus desvios de conduta de mulher desejada. Carmen encontra um novo amante, o toureiro Escamíllo. No final ela se nega a ficar com Don José que a mata ao som de aplausos às verônicas em segundo plano. A bela cigana Carmen cai suavemente sobre os braços algozes do seu criminoso como uma donzela cheia de viço. Todavia, amargurado na tristeza, ele também cai de joelhos junto ao corpo de sua amada.

Nota-se bem que em certo momento do espetáculo a interpretarão dos autores prende o espectador pelo trágico e pelo sublime, um casamento perfeito da idéia lógica nos palcos da vida. E, foi por assim entender que, durante todo o percurso dos acontecimentos o narrador (Wanderlino Arruda) orientava a platéia com a leitura dos textos para uma melhor compreensão da peça. Ainda havia a questão da sintonia musical, em que iniciava a construção de uma estreita ponte entre a história criada por Bizet e o intercruzamento cênico dos atores, alguns ainda amadores, onde eles deixavam fluir o doce entretenimento que há muito era reclamado pelo grande público.

A expressão de alegria estampadas nas faces dos atores, também explodia nos aplausos emocionados de todos os espectadores. Quem esteve presente sabia que iria encontrar um espetáculo com cenários (Biolla) estrondosos e, por outro lado, uma representação arrebatadora. A história se desenrola em quatro locais típicos de Servilha, cativa o público desde as primeiras notas, até o desfecho dramático de todas as cenas.

Por outro lado, é de se notar que o espírito de coletividade sempre esteve ligado à história das artes de Montes Claros. Talvez seja por isso mesmo que “Montes Claros é a cidade da arte e da cultura”. Portanto, toda a equipe de Carmen, incluindo o seu elenco, trabalhou voluntariamente neste projeto. Em vista disso, queremos aqui externar o nosso respeito e a nossa admiração aos nossos fazedores de arte. Até porque o espetáculo foi um belíssimo espetáculo! Não cabe aqui analisar aspectos profissionais senão a realização de um almejado sonho. Como se vê, o que importa é notar a alegria estampada no semblante de cada um. Eis aí toda uma concepção de amor às artes e, em vista disso, o nosso aplauso e o nosso carinho para as atrizes Ana Valda, Olímpia Arruda e Suzana Amaral, em nome de quem cumprimentamos toda a equipe de Carmen. Parabéns!

Um comentário:

maristela cardoso disse...

Caro amigo e grande escritor Dario Cotrim, seus comentários sobre Carmen de Bizet foram recebidos com alegria.São apreciações sensíveis e pertinentes advindos de uma mente observadora e de comprovada competencia no exercício da escrita.Nos ofereceu animo e incentivo para prosseguirmos a jornada da arte lírica.Somos gratos pelo merecimento.Abraços de Maristela Cardoso.